terça-feira, 22 de setembro de 2009

Erodindo as eras

Por Tas Walker


Este artigo demonstra como James Hutton, o geólogo considerado o pai do uniformitarianismo e “avô” do evolucionismo, ou o “João Batista” de Darwin, baseou-se em uma mera presunção para criar o seu modelo de gênese das estruturas geológicas. Mesmo assim, ele está para a Geologia moderna como Newton está para a Física. (Nota do tradutor)

Foi James Hutton, o médico escocês que virou geólogo, que em 1785 sugeriu ser a Terra era extremamente velha. Sua famosa afirmação de que não havia "nenhum vestígio de um começo, nenhuma perspectiva de um fim" preparou o caminho para a teoria da evolução de Darwin. 1 A maioria dos geólogos modernos considera sensata a perspectiva de Hutton. Os cientistas evolucionistas geralmente concordam que os continentes se formaram há pelo menos 2,5 bilhões de anos atrás. 2 A idade divulgada para algumas partes da Austrália é de mais de 3 bilhões de anos. Grande parte do resto do continente é datada como tendo entre 3,0 e 0,6 bilhões anos de idade. 3 Uma história semelhante é contada para outros continentes: a idade das seus embasamentos cristalinos (rochas metamórficas e ígneas) está na escala de bilhões de anos.
Essas idéias se revelam totalmente inconvincentes se submetidas a uma análise mais atenta. É patente que há muitos processos geológicos que indicam que os continentes não são tão velhos quanto dizem os evolucionistas. 4 Um dos problemas para essa idade tão grande é a erosão. Os continentes não podem ter bilhões de anos, pois eles já deviam ter sido erodido há muito tempo. Não sobraria nada.

Mensurando erosões

A água é a principal culpada pela dissolução dos sais minerais, do solos friáveis e das rochas do terreno e os transporta para o oceano. Dia após dia, ano após ano, como uma procissão interminável de trens de cargas, os rios de todo o mundo carreiam toneladas de rocha decomposta em todos os continentes e os despejam no oceano. Se compararmos, o material retirado pelos ventos, pelas geleiras e pelas ondas litorâneas é mínimo.
Sempre que chove a água pode começar a erodir. Ela coleta esse material em regiões chamadas bacias de drenagem, áreas facilmente identificados em um mapa topográfico. Por amostragem, na foz do rio, podemos medir o volume de água proveniente da bacia e a quantidade de sedimentos que ela carrega. É difícil ser exato, porque alguns sedimentos são arrastados ou empurrados ao longo do fundo do rio. O “Material de leito”, como é chamado, não é facilmente observável. Às vezes, variáveis arbitrárias são incluídas nos cálculos por causa disso.
Outro problema é como lidar com eventos catastróficos raros. Embora estes possam ser responsáveis pelo transporte de grandes quantidades de sedimentos em um tempo muito curto, eles são quase impossíveis de se medir. Tanto o material de leito quanto as catástrofes, transportam mais sedimentos do que pode ser mensurado diretamente.
No entanto, sedimentologistas têm pesquisado muitos rios de todo o mundo e calcularam o quão rápido a terra está desaparecendo. As medições mostram que alguns rios estão escavando suas bacias de drenagem numa taxa de 1 metro de altitude a cada 1.000 anos, enquanto outros escavam apenas 1 mm a cada 1.000 anos. A redução da altitude média para todos os continentes do mundo é de cerca de 60 mm a cada 1.000 anos, o que equivale a cerca de 24 bilhões de toneladas de sedimento por ano (Tabela 1). 5 É muita adubação de cobertura!

Continentes que desaparecem

Na escala de um período de vida humana, essas taxas de erosão são baixas. Mas para aqueles que dizem que os continentes têm bilhões de anos de idade, as taxas são excessivas. Um total de 150 quilômetros teria sido corroído dos continentes em 2,5 bilhões de anos. Isso desafia o senso comum. Se a erosão vinha acontecendo há bilhões de anos, os continentes sequer permaneceriam na Terra.

Este problema tem sido destacado por vários geólogos que calcularam que a América do Norte deveria ter sido nivelada em 10 milhões de anos se a média de erosão fosse a mesma. 6 Este é um tempo extremamente curto em comparação com os supostos 2,5 bilhões de anos dos continentes. Para piorar a situação, muitos rios corroem o cume das suas bacias hidrográficas muito mais rápido do que a média (Tabela 1). Mesmo com menor taxa de 1 mm de redução de altitude a cada 1.000 anos, os continentes com uma altitude média de 623 metros (2.000 pés), deveriam ter desaparecido há muito tempo.
Essas taxas não só minam a idéia de continentes com milhares de anos de idade, mas também dão cabo ao conceito de montanhas muito antigas. Em geral, as regiões montanhosas com as suas encostas íngremes e vales profundos têm erosão mais rápida. Taxas de erosão de 1.000 mm por 1.000 anos são comuns nas regiões alpinas da Papua Nova Guiné, México e Himalaia. 7 Uma das mais rápidas reduções regionais de altitude registradas é de 19 metros a cada 1.000 anos em um vulcão em Papua Nova Guiné. 8 O rio Amarelo, na China pode achatar uma montanha tão elevada como o Everest em 10 milhões anos. 9 As cadeias de montanhas, como o Caledônias, na Europa ocidental, e os Apalaches, no leste da América do Norte, não são facilmente explicadas porque não são tão elevadas como o Everest, mas supõe-se que tenham várias centenas de milhões de anos. Se a erosão tem ocorrido há tanto tempo, estas montanhas não deveriam mais existir. 10
A erosão é também um problema para os terrenos planos que são classificados como muito antigos. Estas superfícies se estendem por grandes áreas e ainda assim mostram pequeno ou nenhum sinal de erosão. Além disso, as superfícies não têm nenhuma evidência de terem sido cobertas por outras camadas sobre elas. Um exemplo é a Ilha Kangaroo (Austrália meridional), que tem cerca de 140 km de comprimento e 60 km de largura. É afirmado que sua superfície tem pelo menos 160 milhões de anos, com base nos fósseis e na datação radioativa. No entanto, a maior parte de sua área é extremamente plana. 11 O terreno é praticamente o mesmo de quando ela foi soerguida – a erosão quase não tocou na superfície exposta. Como ele pôde ficar tão plano sem ser corroído por 160 milhões de anos de chuva?

Procurando uma saída

Por que então os continentes e montanhas ainda subsistem se estão sendo erodidos tão rapidamente? Por que tantos acidentes geográficos considerados velhos não mostram sinais de erosão? A resposta simples: eles não são tão antigos quanto se alega, mas são "jovens", como está na Bíblia. Porém, isso não é filosoficamente aceitável para os geólogos evolucionistas, logo, outras explicações são feitas inutilmente.

Por exemplo, sugere-se que as montanhas continuem a existir porque abaixo delas há um constante soerguimento tomando seu lugar. 12 Consequentemente, as montanhas deveriam ter sido totalmente erodidas e soerguidas muitas vezes em 2,5 bilhões de anos. No entanto, apesar de o soerguimento estar ocorrendo em áreas montanhosas, tais processos de soerguimento e erosão não poderiam continuar por muito tempo sem que todas as camadas de sedimentos fossem removidas. Logo, não poderíamos ter a esperança de encontrar qualquer sedimento antigo em áreas montanhosas se por diversas vezes tivessem sido erodidas e soerguidas. Entretanto, admiravelmente há sedimentos de todas as idades nas regiões montanhosas, desde os mais jovens aos mais velhos (por métodos de datação evolutiva) são preservados. A idéia de renovação contínua por soerguimento não resolve o problema.

Outra idéia sugerida para se resolver o problema é que as atuais taxas de erosão que estão sendo medidas são deveras altas. 13 Segundo este argumento, a erosão era muito menor no passado, antes que seres humanos pudessem interferir. Presume-se que as atividades humanas, tais como o desmatamento e a agricultura, são as razões pelas quais estamos medindo as modernas taxas de erosão tão altas. No entanto, as mensurações quantitativas sobre os efeitos da atividade humana descobriram que as taxas de erosão foram aumentadas em apenas 2 a 2,5 vezes. 14 Para queste a explicação resolvesse o problema, o acréscimo teria de ser várias centenas de vezes maior. Mais uma vez, a explicação não funciona.

Também foi proposto que o clima no passado teria sido bem mais seco (porque menos água significa menor erosão). 15 Porém, essa idéia vai contra as provas. Na verdade o clima era mais úmido, como pode se deduzir pela abundância de vegetação nos registros fósseis.

Os continentes são jovens

A história "lenta e gradual", proposta pelo médico escocês há duzentos anos atrás, não faz sentido. A alegação dos defensores da terra-velha é a de que os continentes têm mais de 2,5 bilhões de anos de idade, mas, usando seus próprios pressupostos, os continentes deveriam ter sido erodidos em apenas 10 milhões de anos. Observe que os 10 milhões de anos não são a idade estimada dos continentes. 16 Pelo contrário, ela destaca a falência das idéias uniformitarianista. Os geólogos que crêem na Bíblia consideram que as montanhas e os continentes que temos hoje foram formados como conseqüência da inundação dos dias de Noé. Quando os continentes foram elevados no fim do dilúvio, a incrível energia das enchentes recuando esculpiu na paisagem. Não aconteceu muita coisa, geologicamente falando, nos 4.500 anos seguintes.

1. Hutton, J., Theory of the Earth with Proof and Illustrations, discussed by Press, F. and Siever, R., In: Earth 4th ed., W.H. Freeman and Company, NY, USA, pp. 33, 37, 40, 1986.
2. Roth, Ariel, Origins: Linking Science and Scripture, Review and Herald Publishing, Hagerstown, 1998. São citados uma série de referências sobre o crescimento e preservação da crosta continental.
3. Parkinson, G., (ed.), Atlas of Australian Resources: Geology and Minerals. Auslig, Canberra, Australia, 1988.
4. Morris, J., The Young Earth, Creation-Life Publishers, Colorado Springs, USA, 1994. Explica uma série de processos geológicos que evidenciam a visão de que a Terra é jovem.
5. Ref. 2, p. 264, agrupa várias taxas de erosão a partir de certo número de fontes.
6. For example, Ref. 2, p. 271, quotes Dott & Batten, Evolution of the Earth, McGraw-Hill, NY, USA, p. 155, 1988, e vários outros.
7. Ref. 2, p. 266.
8. Ollier, C.D. and Brown, M.J.F., Erosion of a young volcano in New Guinea, Zeitschrift für Geomorphologie 15:12–28, 1971, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
9. Sparks, B.W., Geographies for advanced study, In: Geomorphology 3rd ed., Beaver, S.H. (ed.), Longman Group, London and New York, p. 510, 1986, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
10. Ref. 2, p. 264.
11. Ref. 2, p. 266.
12. For example, Blatt, H., Middleton G. and Murray, R., Origin of Sedimentary Rocks, 2nd ed., Englewood Cliffs, Prentice Hall, p. 18, 1980, cited by Roth, Ref. 2, p. 266.
13. Ref. 2, p. 266.
14. Judson, S., Erosion of the land—or what’s happening to our continents? American Scientist 56:356–374, 1968.
15. Ref. 2, p. 266.
16. É o limite máximo de idade, a idade real não poderia ser menor, por exemplo, a idade bíblica de cerca de 6.000 anos.
17. Adaptado de Roth, Ref. 2, p. 264.


Tradução: Rafael Resende Stival - salmo12.blogspot.com

Link para o artigo: http://biblicalgeology.net/2006/Eroding-ages.html

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Como refutar um comunista, materialista ou ateu ou tudo ao mesmo tempo

Trecho do livro Torturado por amor de Cristo, de Richard Wurmbrand:

"Certa ocasião, um conferencista comunista estava fazendo uma palestra sobre o ateísmo. Todos os operários da fábrica foram convocados a assistir à reunião e entre eles havia muitos crentes. Sentaram-se silenciosos, escutando todos os argumentos do preletor contra Deus e sobre a estupidez de crer em Cristo. O preletor passou a provar que não existia Deus, nem mundo espiritual, nem Cristo, nem vida futura; o homem é apenas matéria sem alma. Disse repetidamente que apenas a matéria existe.

Um crente levantou-se e perguntou se lhe era permitido falar. A palavra lhe foi concedida. O crente pegou sua cadeira portátil e a jogou ao solo. Parou por um pouco, olhando a cadeira. Depois dirigiu-se a plataforma e esbofeteou o preletor. Este ficou furioso. Suas faces ficaram vermelhas de indignação. Soltou uns palavrões e chamou colegas comunistas para que prendessem o crente. E perguntou: 'Como se atreveu a esmurrar-me? Que motivos teve para isso?'

O crente respondeu: 'Você acaba de provar que é mentiroso. Afirmou que tudo não passa de matéria... Eu apanhei a cadeira e a atirei no chão. A cadeira é de fato matéria. Ela não se revoltou. É apenas matéria. Ao receber a bofetada, você não reagiu como a cadeira. Reagiu diferentemente. Matéria não tem raiva nem fica furiosa, mas você ficou. Portanto, camarada professor, você está errado. O homem é mais do que simples matéria. Somos seres espirituais!'"

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma troca de e-mails sobre o tratamento do homossexualismo indesejado e uma aviltação.

Os fatos relatados a seguir tiveram como base meu testemunho e o de outros dois colegas. Já que memórias humanas não são os modernos aparelhos de mp4, os fatos podem apresentar distorções.

Relato: Às 10 horas do dia 21 de Novembro de 2008, a professora Ana Flávia Madureira iniciava sua aula de Fundamentos e Desenvolvimento da Aprendizagem, na Universidade de Brasília. Estávamos com o conteúdo um pouco atrasado e por causa disso a professora afirmou que aquela aula não estava aberta a debates. Num certo momento da aula, a professora se referiu à resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia e concordou com seu conteúdo porque, segundo ela, homossexualismo não é doença.

Sem afirmar se homossexualismo é ou não doença, eu perguntei se o fato de um alcoólatra procurar a ajuda de um psicólogo para deixar de beber não era semelhante a um homossexual fazer o mesmo para abandonar o homossexualismo.

A professora Ana Flávia disse que não, porque a psicologia atual concluiu que homossexualismo não é doença. Se atestássemos a benevolência de Stálin porque o Partido Comunista Soviético poderia confirmá-la estaríamos usando a mesma lógica. Mesmo ante uma resposta como essa eu me calei para que a aula não fosse interrompida. Já naquele momento desejei debater com ela via e-mails, dado que ela já havia respondido a algumas das minhas questões dessa forma.

A troca de e-mails:

Rafael:

Professora Ana Flávia, aí estão vários artigos que falam sobre a ajuda dos psicólogos aos homossexuais que desejam abandonar a prática:


http://www.narth.com/menus/recommended.html
http://www.narth.com/menus/reprint.html
http://scholar.google.com.br/scholar?q=narth+psychology&hl=pt-BR&lr=&start=20&sa=N
http://www.narth.com/docs/treatment.pdf

Professora, se a psicologia atual não encontra respaldo científico para o tratamento do comportamento homossexual indesejado, ou os psicólogos brasileiros são por demais provincianos ou estes artigos e livros não são científicos. Caso a segunda alternativa esteja correta, gostaria que você me explicasse ao menos parcialmente o quão não-científicos são estes artigos. Como não sou especialista no tema, creio que a forma mais segura de me explicar isto seria refutar os argumentos mais usados por estes artigos científicos ou por livros mais completos dos mesmos psicólogos e enviar a mim com cópia para eles, respeitando o direito a réplica.

É uma tarefa laboriosa, mas é a única forma que encontrei para continuar acreditando na sua honestidade intelectual. Caso opte por outra forma de me explicar o porquê de desconsiderar estes trabalhos, por favor me envie um e-mail com a forma que escolheste. Caso queira se furtar à tarefa por conta das muitas obrigações da vida prática, o que eu seguramente faria sendo ainda aluno, peço-te não que afirme o contrário, mas ao menos que há um debate científico sério fora do Brasil sobre se psicólogos devem ou não oferecer ajuda aos homossexuais que desejam abandonar a prática e que verdadeiramente não há um consenso geral sobre o tema na psicologia e que a decisão do CFP é verdadeiramente arbitrária.

Se o referido debate é realmente sério ou se é trabalhoso verificar isto, sugiro que você envie um e-mail para todos os alunos da sala relatando o mal-entendido e fazendo as ressalvas necessárias, para que não haja nenhuma dúvida quanto à sua honestidade intelectual.

Ana Flávia:

Rafael,

Em um sistema democrático, você, como qualquer cidadão, tem todo direito de ter as suas opiniões, crenças e valores pessoais, incluindo as suas crenças religiosas. Você, como qualquer cidadão, tem todo direito de enviar textos extraídos da Internet para outras pessoas, incluindo os seus colegas de disciplina.

Entretanto, gostaria de deixar bem claro que: (a) após anos de estudo, após ter concluído o meu doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília, sob a orientação da Profa. Dra. Angela Uchôa Branco, com uma parte na Clark University (EUA), sob a supervisão do Prof. Dr. Jaan Valsiner (doutorado sanduíche); (b) após ter concluído o meu pós-doutorado em Psicologia na Universidad Autónoma de Madrid (Espanha), sob a supervisão do Prof. Dr. Alberto Rosa; e (c) após ter publicado artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais, bem como capítulos em livros publicados no Brasil e no exterior... eu não tenho que convencer você de nada e nem provar nada para você.

Bom fim de semana.

Atenciosamente,

Ana Flávia do Amaral Madureira

Rafael:

Professora, eu não estou duvidando do quanto estudaste, nem do quanto sabes. Se bem me lembro, Platão, em Os Sofistas, disse que a verdade independe da autoridade de quem fala, mas deve obedecer à argumentação lógica. Do contrário, é retórica.

A questão é se a afirmação "a psicologia atual não encontra respaldo científico para o tratamento do comportamento homossexual indesejado" é verdadeira. Não estou dizendo que é, nem que não é.

O que me faz interessar pelo assunto é o fato de que a APA (American Psychological Association) permite o tratamento em questão, enquanto a CFP o proíbe. Como então ter tanta certeza que toda uma ciência apóia uma proibição aparentemente autoritária?

Você realmente não precisa me provar nada, mas creio que a minha obrigação como aluno é inquirir, investigar a veracidade do que o professor me fala, de acordo com os textos que nos passaste. E crio (sic) que sua obrigação como professora é esclarecer minha dúvida de acordo com suas capacidades.

Desculpe se fui rígido, mas não consigo mais ficar calado (ou com os dedos quietos) ante os absurdos com ares de ciência que tentam inculcar em mim e em meus colegas nesta universidade, muitas vezes com êxito.

Relato: Não pude ir à aula seguinte, a de 24 de Novembro, mas já nessa aula a professora estava pronta para começar a minha execração, a ponto de adiantar à turma o conteúdo da aula do dia 26.

Se bem me lembro, os fatos que se seguiram são os relatados a seguir:

No dia 26 de Novembro de 2008, a professora Ana Flávia Madureira interrompeu sua aula no início para tratar da troca de e-mails que se seguiu. Inicialmente houve uma explicação sobre o conteúdo da resolução 01/99 do CFP. A professora distribuiu algumas cópias da resolução para que cada aluno pudesse ler e ao mesmo tempo explicou que os homossexuais sofreram muito por ser seu comportamento considerado como doença. Falou que a ciência não é baseada em crenças e que ninguém pode “impor” suas crenças num debate científico ou numa sala de aula.

Após isso, a professora me apontou entre os alunos e afirmou que a principal razão da aviltação fora eu tê-la acusado de ser uma intelectual desonesta. Conforme suas palavras, tal insulto jamais fora proferido contra ela antes. Ela não fizera algo de tamanha envergadura com nenhum professor durante toda a sua carreira, disse Ana.

Para Ana Flávia, um doutor ou mestre que ataque – publicamente, presumo – um outro doutor ou mestre pessoalmente tem uma atitude pouco humilde. Logo, é inadmissível que um graduando o faça. Quem quer que o faça, merecerá punição tal qual a minha.

Comento: Havia um certo grau de abertura por parte da professora para discutir minhas dúvidas, que poucos professores têm e que é um sinal de honestidade intelectual. Por isso afirmei que, aparentemente, a professora era uma intelectual honesta, mas que esta qualidade estava em cheque. Para saber definitivamente se ela é uma intelectual honesta ou não, seria preciso conhecer ao menos uma parte coerente da sua produção intelectual. Eu não conhecia. Mas qualquer produção científica deve ter o intuito de esclarecer, nunca de enganar. Se o cientista ou pensador defende abertamente um preceito aparentemente falso que esteja intimamente ligado com sua obra, toda sua produção intelectual perderá credibilidade até que ele prove que o preceito é verdadeiro. Foi com base em um princípio tão simples e basilar para a ciência que eu, um mero aluno da mera Geografia, pus em cheque a credibilidade intelectual da professora. Pensei que isto fosse patente para uma doutora, mas certamente não era e, ao que me parece, ainda não é. Obviamente, é um direito meu não acreditar em tudo o que me dizem e duvidar de uma afirmação. Deixei de crer por completo na afirmação dela não com base apenas em minhas crenças metafísicas, mas com base nos trabalhos de outros cientistas da Psicologia.

Já que estou submetendo este relato à apreciação da professora, gostaria de perguntar em que momento um intelectual ganha o status inabalável de honestidade e de coerência do seu trabalho. Ao passar no vestibular? Ao ser aprovado por uma banca de mestrado, cujos membros foram aprovados por outras bancas, e estas da mesma forma, indefinidamente?

Charles Darwin é um intelectual honesto quando afirma que “A distância entre o homem e seus parceiros inferiores será maior, pois mediará entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o caucasiano, e algum macaco tão baixo quanto o babuíno, em vez de, como agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.”? Esta e outras afirmações “científicas” do biólogo foram responsáveis por décadas de racismo “cientificamente embasado”. Houve a afirmação sem provas de algo extremamente nocivo. Certamente a maior parte do trabalho de Darwin foi feita com seriedade, mas ele agiu com desonestidade ao falar que os negros são uma raça inferior sem ter certeza disso.

Afirmar que homossexuais contritos não têm direito de procurar ajuda de um profissional de saúde mental ou é ato de ingenuidade ou é um ato de desonestidade intelectual. Pois os trabalhos científicos que permitem este serviço são abundantes.

Há outra dúvida, professora: o objetivo final da aviltação fora o ego ferido, um exemplo a dar aos alunos que um dia pensaram em se opor a um dogma acadêmico ou os dois? Supondo que foram os dois objetivos, por que me execrar em público? Dentre aqueles poucos alunos, dificilmente houve unanimidade no apoio a sua atitude. Mesmo se houvesse, dificilmente isso mudaria a atitude dos alunos não envolvidos junto aos seus professores. Se foi também o ego ferido, porque não tratar o fato apenas comigo? Se eu estivesse errado, eu teria me arrependido por completo. Apenas isto bastaria, não? Só me arrependi de ter repetido o “para que eu continue acreditando na sua honestidade intelectual”. Faria novamente escrevendo isto apenas uma vez, para não ferir os olhos mais sensíveis. Foi então para não perder tempo comigo? Foi também para ridicularizar um representante dos cristãos que estudam e rebatem os absurdos, além da outra massagem ao ego?

Relato: Em outro momento a professora se referiu ao último parágrafo do meu último e-mail, em que digo que “não consigo mais ficar calado (ou com os dedos quietos) ante os absurdos com ares de ciência que tentam inculcar em mim e em meus colegas nesta universidade, muitas vezes com êxito”. Para ela, esta expressão significava que eu via os alunos da universidade como pobres incautos que necessitavam desesperadamente de algo ou alguém que os acudisse. Ela também afirmou que um graduando como eu jamais teria capacidade de aferir a veracidade ou a falsidade de um preceito científico como ela, uma doutora.

Comento: Os alunos de ciências humanas da UnB, assim como de todas as universidades brasileiras, são forçados, desde o ensino fundamental, a pensar com a cabeça de Marx e seus continuadores. Há também provas abundantes para tal. Uma cultura na qual não há nada que contraponha seu dogma reinante só pode gerar alunos, professores e intelectuais dogmáticos. Porque não estudamos os economistas austríacos que provaram a impossibilidade de continuidade da economia socialista, como Mises, Böhm Bawerk, Hayek? Por que não estudamos Paul Johnson, que descobriu várias fraudes em O Capital? Porque não estudamos os historiadores que escreveram O Livro Negro do Comunismo? Porque não estudamos Eric Voegelin, um dos maiores filósofos políticos e que analisou os absurdos da concepção política de Marx? Porque não estudamos os grandes da metafísica do nosso século, como Luis Lavelle ou o brasileiro Mário Ferreira dos Santos para confrontar o materialismo?

Asseguradamente, há um escotoma nos olhos da intelectualidade brasileira. E quando erigimos sociedades e fazemos projetos ao mesmo tempo em que negamos uma parte da realidade, certamente testemunharemos um desfecho desastroso.

Relato: Durante toda a sessão de execração pública, tentei me defender por duas vezes, levantando a mão durante a “aula”. A professora, com voz colérica, falava. – Você já abusou do seu direito de se expressar, Rafael! Assunto encerrado! Após a aula, quando os alunos já saiam, tentei me aproximar dela, e antes que eu falasse alguma coisa ela disse:

– Rafael, chega de conversa!

– Eu nunca mais poderei falar na sua aula?

– Estamos muito nervosos para conversar!

– Eu estou calmíssimo.

– Na próxima aula a gente conversa!

– Eu poderei me defender ante à turma?

– Só na próxima aula.

Fui então tratar o fato com dois dos meus colegas.

Na próxima aula, mesmo com um farto material que provava haver um debate sério sobre tratamento do homossexualismo indesejado, não me foi dado tempo para me defender. Após a aula fui perguntar à professora porque eu não pude me defender. Ela disse novamente que o assunto estava encerrado. Neste material estavam incluídas considerações sobre o caso Rozângela Justino, o trabalho feito pela NARTH, a permissão do tratamento pela Associação Americana de Psicologia e declarações do Dr. Robert Spitzer.

É comum em casos como este o professor punir o aluno incômodo com a reprovação. Não foi este o caso. A professora Ana Flávia julgou meus esforços em ser aprovado probamente, da mesma forma que julgou os esforços dos outros alunos.